Por Edson Flores
É dia de festa gauchada, mas também de reflexão.
A
cacimba é de boa aguada mas tem que ser tratada.
A espora
pendurada na quincha não impulsiona o flete e nem o mango sobre os pelegos
“aconselha” o maleva.
Além de
pensarmos “- que tradicionalismo deixaremos para os jovens”, devemos refletir
sobre “- que jovens deixaremos para o tradicionalismo”.
O núcleo
sociológico para não deixar sua identidade escorrer dentre os dedos, precisa de
bóia ideológica, de ações coerentes, comprometidas e atadas no mesmo tento do
discurso.
Ao
cavalgarmos no corredor desta existência não podemos, tampouco devemos, apagar
os rastros, pelo contrário devemos mantê-los vivos em nossas consciências. A
estrela boieira dos tauras de antanho, materializada pela luta pelos ideais de
Liberdade, Igualdade e Humanidade, pelos exemplos de telurismo, denodo,
desprendimento, demarcaram nossas fronteiras, ponteando o surgimento da
autonomia administrativa, política e econômica do modelo federado atual, além
de fundamentar a formação do nosso núcleo social.
Herdeiros,
que somos, das nobres virtudes que impediram nossa escravização e de um amor
incondicional pelo nosso Sacrossanto pago, exemplificado pelos corpos que
adubaram o pasto do pampa amado, não podemos ser omissos diante das questões
que envolvem a nossa Tradição junto a nacionalidade.
Nos
estribemos na nossa Carta de Princípios, que nos define as metas e os objetivos
práticos, tais como os cívicos, culturais, éticos e estruturais e nas
teses filosóficas, como nos ensina Barbosa Lessa e Jarbas Lima, construindo,
dia a dia, um consuetudinário de resgate, de difusão e de culto as nossas
genuínas tradições gaúchas.
Deixo,
por julgar oportuno, para nossa reflexão, as seguintes assertivas:
- Da
lavra de David Canabarro quando em janeiro de 1845, durante o estágio final das
negociações para o estabelecimento do Tratado de Ponche Verde, ao receber
proposta de ajuda de Rosas aos valorosos Riograndenses:
“Senhor,
o primeiro de vossos soldados que transpuser a fronteira, fornecerá o sangue
com que assinaremos a paz com os imperiais. Acima de nosso amor à República
está nosso brio de brasileiros...Vossos homens, se ousarem invadir nosso país,
encontrarão, ombro a ombro, os republicanos de Piratini e os monarquistas do
senhor D. Pedro”.
- Da
lavra do herói gaúcho e da Pátria Sepé Tiaraju, em repúdio ao Tratado de
Madri de 1750:
“Nossa riqueza é a nossa
liberdade. Esta terra tem dono e não é nem português nem
espanhol, mas Guarani” , "Esta Terra Tem Dono “Co Yvy Oguereco Yara”.
- Da
lavra de Glaucos Saraiva, insculpido na Pétrea Carta de Princípios do Movimento
Tradicionalista Gaúcho – item XX:
XX – Zelar pela pureza e fidelidade
dos nossos costumes autênticos, combatendo todas as manifestações individuais
ou coletivas, que artificializem ou descaracterizem as nossas coisas
tradicionais.
É dia de
festa gauchada, mas também de reflexão.
Feliz do
povo que pode se orgulhar do seu legado. E o faz
Saudações
gauchescas !
EDSON
FLORES .:
Presidente
do Conselho de Ética do MTG PC
Presidente
do Conselho de Ex-Patrões do CTG Jayme Caetano Braun